quarta-feira, 13 de julho de 2011

Introdução


Em todas as fases da vida é preciso ter uma boa alimentação para levar uma vida saudável. Principalmente na infância, quando se tem um grande gasto energético e necessidade de vários  nutrientes para um bom desenvolvimento. Porém, os maus hábitos alimentares das crianças deram origem a uma geração de novos obesos não só no Brasil, mas em várias outras partes do mundo. Um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, nos últimos 30 anos, triplicou o número de crianças com idade entre 5 e 9 anos acima do peso recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Hoje, o cardápio da maior parte das crianças está desajustado. Elas comem pouco daquilo que deveriam, como leite e derivados, frutas, legumes, verduras, arroz, feijão. E excessivamente aquilo que não deveriam. Substituem arroz e feijão por pizza, tomam refrigerante em vez de suco, doces como balas e biscoitos recheados são ingeridos a todo momento. As crianças ganham energia, mas ficam carentes de micronutrientes.
Há crianças que apesar da má alimentação não apresentam peso acima do normal, porém apresentam outros problemas como déficit de atenção, alta taxa de açúcar circulante no sangue e problemas de crescimento.
O peso inadequado das crianças também tem relação com a renda. Pesquisas apontam que crianças de maior renda são mais “cheinhas” que as de baixa renda.
Os pais têm sido muito permissivos quando o assunto é alimentação dos filhos. Isso está  relacionado à praticidade dos alimentos fast - food e à tendência que os pais têm de ceder a vontade da criança.

Porcentagem (%) de crianças com entre 5 e 13 anos de idade com excesso de peso e obesas

A Obesidade infantil


A obesidade era um problema exclusivo dos adultos. Hoje em dia, essa complicação atinge a pessoas cada vez mais jovens. A obesidade na infância compromete a saúde da prole. Pode-se diagnosticar problemas como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, e níveis altos de colesterol e triglicérides. Além disso, as crianças podem desenvolver problemas psicológicos. As piadas, a intimidação, ou a rejeição por parte dos coleguinhas, podem levá-los a uma baixa auto-estima. São marginalizados pelo aspecto que têm, e todo esse quadro pode gerar transtornos como a bulimia, a anorexia, a depressão, e levá-las a ter hábitos extremos como o consumo de drogas e outras substâncias nocivas.
De acordo com o Consenso Latino Americano em Obesidade, a variedade biológica das pessoas com relação ao armazenamento do excesso de energia ingerida é muito grande. Este fato está estreitamente relacionado com a suscetibilidade individual e seu patrimônio genético. Crianças podem iniciar o aumento de peso e mantê-lo em idades posteriores.
Portanto, acreditam os médicos e especialistas de diversas áreas participantes do Consenso, é possível reduzir a influência da suscetibilidade genética efetuando-se modificações na cultura alimentar familiar e também da população como um todo, através de programas de prevenção e educação.
O excesso de peso e a obesidade são encontrados com grande frequência, a partir de 5 anos de idade, em todos os grupos de renda e em todas as regiões brasileiras.
Vale ressaltar a importância da prática de exercícios físicos. A atividade física além de ter efeitos na perda de peso, também diminui o risco de obesidade por regular o balanço energético e influenciar a distribuição do peso corporal, preservando ou mantendo a massa magra.
Em 2008, o excesso de peso atingia 33,5% das crianças de cinco a nove anos, sendo que 16,6% do total de meninos também eram obesos; entre as meninas, a obesidade apareceu em 11,8%. O excesso de peso foi maior na área urbana do que na rural: 37,5% e 23,9% para meninos e 33,9% e 24,6% para meninas, respectivamente. O Sudeste se destacou, com 40,3% dos meninos e 38% das meninas com sobrepeso nessa faixa etária.

Boa alimentação estimula a inteligência


O empenho em aprimorar a alimentação infantil deriva de estudos  científicos que mostram como a dieta equilibrada faz mais do que apenas garantir esbeltas silhuetas. Ela também influencia o desenvolvimento da inteligência. Pesquisadores da Universidade de Bristol, na Inglaterra, publicaram um estudo que relaciona os hábitos alimentares à inteligência. Numa pesquisa com 4 mil crianças de 8 anos de idade, concluíram que aquelas cuja alimentação era rica em açúcar e gordura tinham 2 pontos a menos no quociente de inteligência. O efeito foi preponderante nas crianças que tinham alimentação pior até os 3 anos, fase em que o desenvolvimento cognitivo é acelerado. Sendo assim, o padrão alimentar pode favorecer a concentração e melhorar o desempenho escolar. A vitamina B1, que atua no sistema nervoso, facilita a capacidade de organizar as idéias.

Evolução do ganho de peso

Alimentação saudável desde a infância para prevenir doenças futuras


Tornar o prato das crianças mais equilibrado pode prevenir doenças no futuro. As grandes porções de açúcares e gorduras que fazem de refrigerantes, biscoitos e salgadinhos verdadeiras tentações ao paladar também alteram o funcionamento do organismo. Aumentam a quantidade de açúcar circulante no sangue e favorecem o acúmulo de gordura nas artérias, fatores que podem levar a criança a desenvolver doenças como diabetes e hipertensão. Muitas crianças não são obesas, mas estão com níveis de gordura e açúcar elevados no sangue por causa da dieta inadequada.
 Uma alimentação adequada garante que a quantidade de energia e nutrientes suficientes para alcançar as necessidades de crescimento e manutenção de tecidos da criança e para o desempenho de suas atividades físicas e intelectuais. A participação em atividades esportivas também é fundamental para o processo de crescimento e desenvolvimento de todas as crianças, oferecendo oportunidade para o lazer e integração social, promovendo o bem-estar psicológico, e o desenvolvimento de uma maior auto-estima e confiança, além de estimular a coordenação motora, a saúde esquelética, o sistema neuromuscular e a aptidão física .
A seguir, uma tabela contendo os dados de hipertensão de uma pesquisa realizada em Campo grande (MS) com indivíduos com idades entre 7 e 14 anos, entre os anos de 2005 e 2006.
N = 129
Variáveis
N
Prevalência de hipertensos
Intervalo de confiança (95%)
Valor p*
Gênero




Masculino
57
15,8%
6,3% < p < 25,3%
0,1470
Feminino
72
26,4%
16,2% < p < 36,6%






Faixa Etária




7 a 8 anos
28
21,4%
6,2% < p < 36,6%
0,002
9 a 10 anos
41
12,2%
2,2% < p < 22,2%

11 a 12 anos
39
15,4 %
4,1% < p < 26,7%

13 a 14 anos
21
52, 4%**
31% < p < 73,7%

*valor calculado pelo teste do qui – quadrado (P<0,05)
**difere-se estatisticamente das demais faixas etárias pelo teste do qui - quadrado





Pesquisa realizada pelo IBGE entre os anos de 2002 e 2003 revelando a prevalência de déficit de peso entre crianças abaixo de 10 anos de idade, organizada por grupos de idade e classes de rendimento monetário mensal familiar per capita no Brasil